Brasil – Um país intocado pela
latinidade (Só que não!!!)
Eu venho me debruçando numa pesquisa
sobre a Cumbia desde 2014, quando
meu parce paisa locombiano Santiago Gomez Gonzalez de Todas las Quenas me apresentou
músicas de Totó la Momposina, Celso Piña, Dengue Dengue Dengue, Lila Downs, Chancha
Vía Circuito e também o som experimental de Cumbia eletrônica que ele vinha produzindo
junto ao grupo argentino Komando Culebrilla. De lá pra cá venho juntando muito
material sonoro, audiovisual e gastando um bom tempo lendo artigos, teses
acadêmicas, entrevistas, matérias em jornais, revistas e sites. Anterior a isso
eu tive bastante contato com a Cumbia argentina e uruguaia através dos
encontros de música latina que começou a acontecer com mais frequência a partir de 2010 com a chegada de
estudantes estrangeiros que vieram a Foz para cursar a Universidade da
Integração Latino-americana. Anterior a isso eu tive contato com a Cumbia
paraguaia nos anos 2.000, bem no
início de minhas aventuras como Dj no país vizinho.
Há alguns dias fiz a seguinte provocação
na rede social: "Brasileiro não
sabe fazer Cumbia. Convença-me do contrário".
Meus amigos brasileiros e
latino-caribenhos contestaram com suas opiniões:
“Complexo... Se for assim, hispano
hablante não sabe fazer samba, baião, pé de serra, etc”; “Eu teria que escutar
uma Cumbia feita por brasileiro... até agora só ouvi música brasileira com base
de Cumbia ou vice-versa”; “Eu conheço só uma banda brasileira que se aventurou
à tentar fazer Cumbia, que inclusive gosto muito do som deles, mas há quem diga
que não é Cumbia ... Academia da Berlinda”; “CARA. Nunca soube de tal coisa...
Só agora que fiquei sabendo”; “Bueno, hasta ahora no he conocido a alguien brasilero
que haga, pero de que lo pueden hacer lo pueden. Ese sabor Latinoamericano es
imperdible, bueno hay excepciones, como algunos del Sur, pero en fin”; “O
Nordeste brasileiro para mi es Caribe”.
Depois
de todas essas provocações, vamos lá!!!
No documentário Pasos de Cumbia, o diretor chileno Cuti
Aste diz: "O sonho bolivariano era unir toda a America Latina em uma
grande nação. Bolívar não conseguiu, mas quem sabe a Cumbia consiga, pois
atravessa de norte a sul todo nosso continente"...
A Cumbia é disparado
o ritmo mais popular da America Latina. Seria, sem dúvida, um ponto comum que
liga todo o continente. O Brasil, mesmo não se reconhecendo como país latino,
tem tudo para produzir Cumbia, já que, além de criar dezenas de ritmos próprios
tem uma facilidade extraterrestre em produzir também ritmos de fora, como o
Rap, Funk/Soul, Rock, House, Reggae, Merengue, Zouk etc. A Cumbia é totalmente
adaptável e por onde passa se agrega elementos locais, fazendo com que em cada
canto ela tenha sua dose de originalidade, se distanciando esteticamente da Cumbia
de raiz colombiana (feita inicialmente com 3 tambores, 1 par de maracas e uma
flauta).
“Walter León,
compositor e guitarrista, afirma que o sucesso da cumbia peruana reside justamente por poder se adequar a
qualquer outro ritmo com muita facilidade. Para ele, o trunfo deste gênero foi
ter-se formado a partir de três vertentes musicais: a cumbia colombiana, rock e
huayno; a partir destes três pilares é possível regravar e adaptar as
composições em outros países e em outros ritmos”. (Outros Territórios da Cumbia,
Bibiana Soyaux de Almeida Rosa - 2018).
O Brasil sendo um
caldeirão de ritmos em constante ebulição pode dar um sabor todo especial a la
Cumbia.
Outro fator é que o
Brasil passou pelo mesmo processo histórico, foi invadido e colonizado por um
país europeu e viveu por séculos sob um sistema escravagista com negros sendo traficados
da África massacrados junto a indígenas expulsos de suas terras originárias. A
Cumbia vem da tríade negro/indígena/branco: os tambores do negro, os
instrumentos de sopro e maracas indígena e (bem mais pra frente) a incorporação
de instrumentos europeus.
O músico
afro-brasileiro Mateus Aleluia, que viveu na Angola nos anos 80, em entrevista
ao documentário ‘Xangai em Cantigueiros’ (2017) afirma que: “Os africanos vieram
escravizados, não vieram por vontade própria, nem vieram como adido cultural
nem como embaixadores. Ele aqui encontrou uma terra fértil para plantar sua
existência. Veio também com ele toda aquela força espiritual, daí se deu a
junção dos oprimidos. Os donos da terra (índios nativos) e os africanos que
vieram. O candomblé de caboclo é realmente a junção dessas duas forças
espirituais. Antes do Brasil ser Brasil, ele pertencia aos seus autóctones.
Depois ele se tornou culturalmente miscigenado com esses africanos que vieram
escravizados. O português só aportou com sua cultura depois que ele já tinha
aqui os seus empreendimentos comerciais consolidados... só 200 anos depois. Mas
aí já havia realmente essa confraria natural nascida dessas duas forças, uma
nascida aqui e a outra vinda e sendo 'adotada'. Hoje em dia estamos aqui, somos
todos caboclos”.
(Matheus Aleluia foi integrante do grupo Os Tincoãs e hoje segue carreira solo )
Por muito tempo eu pensei que a
dificuldade de ritmos latinos-caribenhos se tornarem populares no Brasil era a
barreira do idioma, mas as músicas em inglês está em todo território nacional. E
também vários artistas hispano-hablantes fizeram e faz grande sucesso no Brasil,
como a colombiana Shakira, o porto-riquenho Ricky Martin, a mexicana Thalia, cantores
de reggaeton e pop latino de todo canto. A influência é notável na música
brasileira, seja no norte/nordeste como nas fronteiras do sul, de ritmos
nordestinos, à tropicália, e a música tradicionalista e folclórica do sul do
país, vemos elementos que flertam com a latinidade. Grandes nomes como
Belchior, Secos e Molhados, Os Mutantes, Pinduca, Manoel Cordeiro, Caetano
Veloso, Beto Barbosa, Nelson Gonçalves, Chico César, Elba Ramalho, Luiz Melodia,
Alípio Martins, Teixeirinha, Raimundo Soldado, Yamandú Costa, Mestre Vieira, introduziram
a sabrosura rítmica latino-caribenha em suas produções. Quando eu diferencio música brasileira de
música latina é só para questões de entendimento, por conta desse não
reconhecimento do Brasil como país latino-americano. Como bem escreveu Pacini
Hernandez (2007). “O termo ‘música latina’ tem sido usado há décadas pela
indústria da música, bem como na linguagem comum, para todas as músicas
populares de origem latino-americana, cujas letras, se houver, estão em
espanhol ou português. Enquanto tecnicamente a categoria inclui estilos tão
diversos quanto rancheras mexicanas, vallenatos colombianos e bachata
dominicana, os sons rítmicos ‘quentes’ de estilos como rumba, mambo, salsa e
merengue tornaram a ideia da música latina praticamente sinônimo de estilos
Caribenhos". Nesse sentido, qualquer música brasileira deveria ser chamada
de musica latina, mas diante de uma MPB e um Frevo, esse segundo será
reconhecido como música latina.
Nos anos 50 se difundiu
muito a música latino-caribenha no Brasil. As orquestras que tocavam ao vivo na
Rádio Nacional executavam além do samba, mambos e boleros e nas festas de
carnaval da época a música latino-caribenha duelava frente a frente com o
samba. Um dos programas da Rádio Nacional era realizado ao vivo com a orquestra
‘Típica Corrientes’ associada ao maestro argentino Eduardo Patané. Um dos
apresentadores da rádio, o saudoso Ruy Rey era conhecido como o ‘Rei do Mambo’
no Brasil. Bernardo Farias em artigo para a Revista Brasileira do Caribe (2010)
diz que: “A música latino-caribenha foi tão forte nos anos 50 e 60 que Tom e
Vinícius lançaram a música-de-protesto “Só danço Samba”, onde declaravam guerra
à hegemonia do calypso ao cha-cha-cha”. Outra música da mesma época que tratava
dessa problemática foi o sucesso Chiclete com Banana, gravada por Jackson do
Pandeiro em 1959: "Eu só ponho bebop no meu samba quando o tio Sam pegar
no tamborim / Quando ele pegar no pandeiro e no zabumba / Quando ele entender
que o samba não é rumba (...) Quero ver o tio Sam de frigideira numa batucada
brasileira".
(Samba - Uma batucada brasileira)
E
o samba venceu?
"Passado mais de meio século,
embora as mazelas continuem, a influência musical latina no Brasil é pouca.
Talvez o "Oi, oi, oi" e "La mano arriba", popular refrão da
música Danza Kuduro, originalmente do cantor porto-riquenho Don Omar, mas
regravada em português para a abertura de uma novela de 2013, tenha sido a
última modinha cantada com sotaque português aqui. Quiçá, quiçá, quiçá". (Diário de Pernambuco - 2014).
Nos
anos 60/70/80 o Brasil viveu sob uma ditadura militar financiada pelos Estados
Unidos. As camadas populares formadas
por negros e pobres das periferias das grandes cidades brasileiras, além de
samba, consumiam muita música produzida pelos afro-americanos. Era o auge da
música Disco, Funk, Soul, R&B, que chegava ao Brasil junto com informações
sobre Martin Luther King, Malcolm X, Panteras Negras, lutas por direitos civis
e contra o apartheid. Mesmo sem saber inglês o brasileiro mergulhava nesses
estilos musicais que acabou influenciando profundamente a música e os
movimentos políticos dos negros no país, e mesmo com o sucesso da revolução
cubana, a cultura latino-caribenha tinha maior influência na região
norte/nordeste.
No artigo Sonoridades
“caboclas” (2016) de Cleodir Moraes, onde ele analisa a música engajada em
Belém nos anos 1960 e 1970, discorre sobre o álbum 'Nativo', do paraense Paulo
André Barata, lançado em 1978: “Os efeitos sonoros e o aparato percussivo ao
melhor estilo caribenho revestem, aliás, a maioria das faixas dos discos de
Paulo André Barata. Para limitar-me a alguns exemplos, eles dão vida ao
merengue (Pacará), ao bolero (Mesa de bar), e à salsa (Noite de paricá)”.
Ainda sobre os anos
70/80 Cleodir Moraes diz que “Os ‘bailes de subúrbio’ – nos quais os
controlistas dos ‘sonoros’ disparavam todo um arsenal de gêneros dançantes, particularmente
caribenhos – e dos barracões de pau a pique – cobertos de palha e de chão batido,
de onde os conjuntos de ‘pau-e-corda’ mandavam seu recado, ao ritmo de Carimbó
–, se tornaram importantes fontes de renovação da canção popular na capital”.
Ele cita o Palácio dos Bares, localizado na periferia de Belém que “frequentemente
contratava, para pequenas temporadas, bandas cubanas, porto-riquenhas e
dominicanas, que se apresentavam com seus instrumentos característicos e seus
músicos e dançarinas devidamente trajados, com um repertório recheado de toda
sorte de salsas, merengues, boleros etc”.
No
restante do Brasil, segundo o jornalista Marcelo Costa a situação não era a
mesma: “No auge do mercado fonográfico brasileiro, nos anos 1970 e 1980, as
gravadoras trabalharam muito massivamente artistas estrangeiros. Então Fito
Páez [cantor argentino] nos anos 1980 não teve o mesmo trabalho de divulgação
que o U2 tinha. Talvez o brasileiro não entenda inglês e não entenda espanhol,
mas ouve mais música anglo-saxã porque tá acostumado a isso. Eu acho que foi um
trabalho de rádios, foi uma estratégia de gravadoras de focar em determinados
mercados que deixou outros de lado”.
Nessa
época segue a crítica referente a gringalização da cultura brasileira. Em 1978
a sambista Beth Carvalho grava música de Nei Lopes e Wilson Moreira que se
tornou um grande sucesso. Os versos do samba ‘Goiabada Cascão’ diz: "Rango
de fogão de lenha na festa da penha comido com a mão / Já não tem na praça, mas
como era bom / Hoje só tem misto quente, só tem milk-shake, só tapeação / Samba
de partido-alto com a faca no prato e batido na mão / Já não tem na praça, mas
como era bom / Hoje só tem discoteque, só tem som de black, só imitação / Já
não tem mais caixa de goiabada cascão".
22 anos depois, Nei Lopes regrava
esse samba, no álbum ‘De Letra & Musica’, e atualiza uma parte
da letra. O trecho onde dizia: “Hoje só tem discoteque, só tem som de
black, só imitação”, ele substitui por: “Hoje só tem pop-rock, só tem hip-hop,
só imitação”, dando continuidade à crítica, no ano em que o hip-hop se
consolidava no país e que o rock perdia seu DNA rebelde.
Vale lembrar ainda, que no Brasil dos anos 60, artistas da MPB organizaram a 'Marcha Contra a Guitarra Elétrica'. Liderada por Elis Regina, e contando com artistas como Gilberto Gil, a marcha lutava contra a invasão estrangeira na música brasileira. Grupos de rock gringo ocupavam o topo das rádios brasileiras na época.
Cumbia Pa’ lante
(Baile de Cumbia, com o sonidero ao fundo)
O que ajudou bastante
a disseminação da Cumbia pelo continente não foi necessariamente uma grande
indústria, foi o advento de uma adaptação da Cumbia de raiz colombiana que era
executada com tambor africano e flauta indígena, aos estilos das big bands
norte-americanas, no formato de orquestras e sonoras. Outra grande ajuda foi a
ação dos sonideros, uma espécie de sound system latino, onde os djs compravam os
discos dessas orquestras de Cumbia e faziam festas nas ruas e clubes. Isso sem
contar gravadoras como a Discos Fuentes e programas de rádio e televisão.
Pensando
em Brasil, tengo três preguntas:
1 - O que tocavam as big bands/orquestras
brasileiras?
2 - O que tocavam os sonideros
brasileiros?
3 - Qual selo de produção de música
latina existia no país na época do boom da Cumbia pelo continente?
- As Big Bands brasileiras dos anos 70
tocavam sobretudo Jazz, Funk/Soul, mesclados a Samba e ritmos populares. Nos
anos 50 sim, se tocava muita musica latina. O historiador Milton Moura (2009)
escreveu sobre as orquestras dizendo que: “com pequenas bandas com instrumentos
correspondentes a uma orquestra de jazz: teclados, contrabaixo, guitarra e
bateria, através dos circuitos norte-americanos de produção e divulgação, que a
música latina – quase sempre cubana ou mexicana – passou a ser divulgada na
Bahia”. Mas como podemos ver na constatação de Marcelo Costa, isso foi sendo
substituído pela música gringa a partir dos anos 70/80.
- As ‘Radiolas’ maranhenses nos anos 70,
antes de chegar os sound systens jamaicanos, tocavam Salsa, Merengue, Calipso, Zouk
e Reggae. Na mesma época as aparelhagens paraenses chamadas de ‘Sonoros’ tocavam
muitos discos de música caribenha na rua. Isso explica um pouco por que na região
norte-nordeste do país a Cumbia e outros ritmos caribenhos se entranhou mais facilmente.
Foram os donos de aparelhagem que incentivaram os Mestres das Guitarradas a
gravarem seus discos, para que pudessem tocar nas radiolas e sonoros. E ao
mesmo tempo os músicos sem espaço nas grandes rádios procuravam esses sonideros
para poderem divulgar suas músicas, já que essas aparelhagens tinham grande
popularidade e alcançava grandes públicos. Ainda no artigo de Bernardo Farias
para a Revista Brasileira do Caribe (2010) afirma que "O desenvolvimento
das aparelhagens e das festas populares em Belém teve grande importância como
elemento facilitador da chegada e da difusão da música
afro-latino-caribenha". Enquanto os Djs do norte/nordeste tocavam a música
caribenha em suas sonoras de rua, as ‘Equipes de Baile’ de São Paulo e Rio de
Janeiro tocavam música norte-americana, o que veio despontar mais tarde na
explosão do Rap e do Funk Carioca.
- No quesito dos selos, minha pesquisa
chegou à Gravadora Gravasom (a Discos Fuentes brasileira), sediada em Belém do
Pará, que gravou muitos artistas de Guitarrada e Carimbó da época. O músico Pinduca,
conhecido como ‘O rei do Carimbó’ trabalhou como produtor nessa gravadora. Pela
Gravasom, além dos músicos regionais, foram lançados 10 volumes chamados de
"Lambadas Internacionais", com Merengues, Calypso e Zouk das
Antilhas.
- Sobre as rádios, essas músicas
ganhavam abrigo na Rádio Clube do Pará e Rádio Guajará, através de radialistas
animadores como Paulo Ronaldo e Haroldo Caracciolo. Foi Haroldo que entre os
anos 60/70 cunhou o termo ‘Lambada’. A expressão nada tinha a ver com gênero
musical, Haroldo que era alcoólatra, se referia a lambada como o ato de tomar
uma dose de cachaça, que ele se deliciava enquanto tocava as musicas caribenhas
em seu programa. Dizia ao vivo para o Dj: “toca uma lambada aí”, que era a
deixa pra dar uma lambada e uma lambida num copo de caña. Outra pontuação é que
no Maranhão e no Pará se conseguia sintonizar rádios caribenhas e além do
Reggae jamaicano se ouvia Calipso, Merengue, Zouk e Cumbia. Isso já é quase uma
lenda contada pelas pessoas mais velhas, que diziam conseguirem sintonizar as
emissoras AM caribenhas. Esses relatos estão no livro 'Onde o Reggae é a Lei', da
jornalista e antropóloga Karla Freire e na tese de doutorado ‘Jamaica
Brasileira: a política do Reggae em São Luís, Brasil, 1968-2010’, do
historiador Kavin Paulraj.
Segundo matéria de André Cabette Fábio para
a Nexo Jornal: “Era comum que embarcações vindo ou partindo do Suriname e da
Guiana Francesa aportassem em Belém e São Luís. Além de contrabando, os
marinheiros também traziam música”. Muitos donos de aparelhagens em Belém do
Pará também trabalhavam em navios, então em suas viagens de trabalho levavam
discos de músicos brasileiros para trocar por discos de Merengue, Calypso, Zouk,
Salsa e Cumbia. Esse intercâmbio contribuiu muito para a hibridização da música
urbana paraense.
(Radiola brasileira)
Até
onde chega o Caribe?
Tenho
que concordar com o hermano que contestou minha provocação dizendo que “O
nordeste do Brasil é Caribe”. O colombiano Gabriel García Márquez escreveu que “O
Caribe se estende, a partir do norte até o sul dos Estados Unidos e pelo sul
até o Brasil. Não pense que é um delírio expansionista. Não: é que o Caribe não
é somente uma área geográfica, como crêem os geógrafos, e sim uma área cultural
muito homogênea”. O professor americano Darien Lamen, que integra junto com o pesquisador
musical paraense Milton Almeida Júnior o projeto: ‘Sonoro Paraense’ diz:
"Quando cheguei ao Brasil, para estudar a influência do Caribe na música
brasileira, minha parada inicial foi o Nordeste. Lá, vi pela primeira vez o
Mestre Vieira apresentar a guitarrada. E descobri que havia outro Caribe no
país, que não é o Caribe do reggae, mas da Cumbia e do Merengue".
A
complexidade dessas fronteiras culturais faz com que, por exemplo, a música e a
cultura brasileira seja conhecida em um canto do Perú e totalmente desconhecida
em outro. A banda da costa peruana Cumbia All Stars - criada nos anos 70 - esteve
em São Paulo no ano de 2018 para se apresentar no Festival Mucho!.
Entrevistados pelo site Vírgula afirmaram não terem muitas referências da
música brasileira. "Infelizmente, antes muito pouca música brasileira
chegava ao Peru, por isso não identificamos referências, pelo menos não
diretamente, do Brasil. Há alguns anos atrás não sabíamos nada sobre o Brasil,
mais do que Pelé", diz Manuel Pecho, integrante da banda, sobre a
dificuldade do Brasil se integrar com a América-Latina. (Se é difícil pra brasileiros e hispano-hablantes do continente, imagina pro
Haiti, país caribenho que fala criolo e francês. Quando os países latinos
escutam músicas haitianas imaginam que são músicas africanas ou francesas, ou
de qualquer outro lugar, menos do Caribe). Vale salientar que o Haiti divide o embrião do merengue com a República Dominicana, mas, segundo Milton Moura - Carnaval Negro do Caribe (2009): "O êxito do merengue na República Dominicana repousa sobre a afirmação do caráter mestiço de uma cultura nacional, o que lhe permitiria distinguir-se do caráter reconhecidamente negro da cultura haitiana".
Manuel Pecho salienta que os
cantores da selva peruana, também dos anos 70, podem ter influência de alguns
ritmos de fronteira com o Brasil, e isso é verdade, haja visto que a música
“Carapira” de Pinduca - um dos grandes nomes do Carimbó paraense - foi
regravada nos anos 70 pelo grupo de Cumbia peruana Los Wemblers De Iquitos,
cantada num português carregado de sotaque espanhol. Outra canção brasileira
gravada em Cumbia peruana foi 'Mulher Rendeira', que nessa mesma época o grupo
Juaneco y Su Combo transformou em 'Mujer Hilandera' e se tornou muito conhecida
na amazônia peruana.
Aproveitando
a deixa do futebol, é curioso que eles conheceram o Brasil vendo os gols do
Pelé, porque muita gente no Brasil ouviu falar de Cumbia a primeira vez através
do jogador argentino Carlitos Tevez que jogou no Corinthians de 2004 a 2006 e
comemorava seus gols ao ritmo de Cumbia. Na argentina ele foi um dos fundadores
do grupo Piola Vago, que tem uma pegada de Cumbia Villera.
Mario Galeano,
pesquisador e músico colombiano do grupo Ondatrópica diz no documentário
Fuentes de Cumbia (2015), que "Brasil e Cuba tinha tomado toda a atenção
durante décadas e décadas e agora, esse som colombiano (Cumbia) que é uma das
grandes colunas vertebrais da música do continente, começa a tomar
notoriedade". Ainda no documentário de Cuti Aste, o músico chileno Joe
Vasconsellos (filho de pai brasileiro e mãe chilena) diz: "para mim a Cumbia
é a combinação perfeita do africano com o índio. No nordeste do Brasil se toca
uma música que tem muito a ver com a Cumbia, que tem a mesma cadência, muito
suíngue, que se chama Carimbó". A cantora de Carimbó Dona Onete, que se
aproximou bastante da Cumbia e do Bolero em seu recente álbum Rebujo, diz que o
paraense adaptou a Cumbia a seu jeito, criando o que chama de ‘Cumbia Cabocla’.
(Dona Onete é considerada a Rainha do Carimbó)
Seria
o Carimbó, a Lambada e a Guitarrada, ou a mistura de tudo isso e mais um pouco,
a nossa Cumbia brasileira?
(À esquerda o grupo feminino Guitarrada das Manas. À direita Mestre Vieira, considerado o criador da Guitarrada).
Segundo artigo de 2015 da Revista Noize,
a Cumbia "é uma presença real no Brasil desde os anos 60 e dialoga muito
com ritmos como a Guitarrada, a Lambada, o Carimbó e o Siriá". Citam músicos
como o grande Pinduca e seu Carimbó que dialoga com ritmos caribenhos. O que
muitos desses ritmos tem em comum é a utilização de tambores africanos. Um
exemplo é o tambor Ekpa, um tambor grande feito de tronco de árvore e couro de
animal, utilizado em rituais do povo africano Carabali, da Nigéria. O mesmo
tambor pode ser encontrado nos palenques colombianos, com o nome de tambor
Pechiche (utilizado, entre outras funções para fazer Cumbia). E também é
encontrado no Pará, com o nome de Curimbó, tambor utilizado para se tocar o
ritmo Carimbó.
Considerações
finais?
Segundo o pesquisador chileno Juan Pablo
González:
"A Cumbia não existe, o que existe
são situações onde se juntam brancos, negros, mestiços, indígenas e tocam:
Porro, Fandango, Paseo, *Chucu Chucu (*grifo meu), várias coisas. E esse evento
se chama Cumbia. Existe muitos gêneros na América Latina que tem a ver com isso.
A Cumbia, segundo o grande musicólogo colombiano Egberto Bermúdez, denomina
ocasiões onde afro-colombianos se juntam, trazem seus instrumentos e tocam
distintos gêneros, mas nenhum desses gêneros se chamam Cumbia".
Assim também foi com a Rumba cubana, o
Tango argentino/uruguaio e o Forró brasileiro.
Em entrevista para a rádio Tabajara FM, no
programa Paraíba é Sucesso, Marinês ‘a
rainha do Xadado’ afirma: "O Forró é o espaço onde se dança e não a música
que se canta". Então em um Forró se canta e se dança Rancheira, Quadrilha,
Xote, Xaxado, Baião e outros ritmos, mas não Forró.
Vou ter que concordar com Marinês e com o
investigador chileno... Arre Égua!!! Cachai!!!
(Marinês, a rainha do Xaxado e do Baião).
Agora
vamos aos fatos. Quem são os cumbiancheros brasileiros?
Vamos
começar nos anos 70 com quem - segundo
minha pesquisa - são os primeiros expoentes da Cumbia brasileira, os Mestres da Guitarrada. Gravaram temas
de Cumbia Mestre Vieira e os Dinâmicos (Vamos dançar a Cumbia, Cumbia Do
Ceará), Mestre Curica (Cumbia Vigilênga) Mestre Aldo Sena (Cumbia do Pará), o
veterano guitarreiro Manoel Cordeiro (que iniciou carreira solo com seu álbum
Manoel Cordeiro & Sonora Amazônia de 2015, onde grava algumas Cumbias).
Já
nos anos 80 temos o Pinduca, que além
do Carimbó, já vinha gravando ritmos como Mambo, Merengue, e Lambada. Ele é
considerado o inventor da Lambada, começando a gravar o ritmo em 1976. Em 1982
grava a música 'A Bailar La Cumbia' no álbum: PINDUCA O REI DO CARIMBÓ - VOL.
11. Em 1984 faz uma versão para a música 'Caballo Viejo, do venezuelano Simón
Díaz. Ainda nos anos 80 temos Oséas da Guitarra; Mestre Barata (com temas como:
Vamos dançar a Cumbia); Raimundo Soldado, muito popular nos anos 80. O solista
de sax Teixeira de Manaus tem toda uma produção destinada a esses ritmos latinos.
Em 1981 lançou o álbum Solista de Sax. Em 1982 Solista de Sax vol 2. Em 1988:
Na Ginga da Salsa, Cumbia e Merengue. Em Solista de Sax vol 07 traz as músicas:
'Tempo de Cúmbia' e 'Vamos a Caracas'.
Nos
anos 90, entusiasta da música latina
e da dança de salão, o pernambucano Kakau Góis, lança os discos Kakau Góis
1990, Dança de Salão 1994 e Dançando no Caribe 1996. Nesse último – o músico que atualmente vive
em Medellín - regrava o clássico ‘La Pollera Colorá’ de Wilson Choperena e Juan
Bautista Madera Castro. Na sua versão em português o trecho: ‘Con su pollera
colorá’ se transforma em ‘essa poeira levantar’.
O também pernambucano, Walter dos
Afogados, compositor do clássico 'Morango do Nordeste' gravou vários discos nos
anos 90. Com álbuns como: Cumbias e Merengues, Leve e Solto e República do
Merengue ele ficou conhecido em Recife como Rei da Cumbia, Mestre do Merengue e
do Mambo.
Outro mestre dos anos 90 foi o
maranhense José Orlando que gravou vários discos, de brega e música
latino-caribenha, como os álbuns: Remelexo, Pistoleiro do Amor e Corpo
Caliente.
A professora, produtora e cantora Mônica
Carvalho, nasceu em João Pessoa e viveu no Recife. Por suas misturas
latino-caribenhas ficou conhecida como a ‘Rainha da Cumbia’. Álbuns: Balanço
Latino, Balanço Gostoso e No Balanço da Cumbia.
Anos
2.000
O pernambucano Maciel Salu que ja vinha
flertando com ritmos caribenhos como na música Rabeca no Merengue de 2000,
lança recentemente em seu álbum ‘Liberdade’ a Cumbia Flor de Gardênia. Outra
banda que faz uma boa mistura é NaurÊa formada em 2001 em Aracaju, que já
lançou 07 discos. A já conhecida banda Academia da Berlinda, lançou
recentemente seu terceiro disco. A banda pernambucana está na cena desde 2004,
com uma mistura latino-caribenha junto aos ritmos recifenses. Pio Lobato e grupo
Cravo Carbono (Pará 2.000); Banda La Pupuña (Pará 2003).
De
2010 pra cá
Francisco el Hombre é uma banda que vem
se despontando na produção de música latina no Brasil. A banda formada em 2013
pelos irmãos mexicanos naturalizados brasileiros Sebastián e Mateo
Piracés-Ugarte em São Paulo, canta em
português e espanhol. O nome é uma referência ao mítico acordionero colombiano
Francisco el Hombre que – segundo o folclore local – venceu o diabo em uma
peleja musical.
Dona Onete já é conhecida como a rainha
do Carimbó paraense. Ela que já foi secretária de cultura e professora de história
lançou seu primeiro álbum com 73 anos de idade. Em seu mais recente disco, ela
mistura o Carimbó com Bolero e Cumbia. A banda Skarimbó do Rio Grande do Norte
lançou em 2018 o álbum ‘Emaranhado’ onde mistura a boa Cumbia chicha com os
ritmos do norte.
Outras bandas e artistas que vem
espalhando a música latina pelo Brasil são: Felipe Cordeiro (filho do
guitarreiro Manoel Cordeiro); Retirante Cósmico (de São Paulo, com suas
experimentações na guitarra e sua Psycho Cumbia); La Cumbia Negra (e sua Cumbia
psicodélica); Félix Robatto (álbum: Equatorial, Quente e Úmido); Orquesta
Atípica de Lhamas (Minas Gerais. Álbum Cómo Te Lhama), cantam em espanhol com
um sotaque que denuncia. Além de composições próprias interpretam clássicos
como: Cariñito e Como te voy Olvidar; CUMBIA - El Cartel e Cumbia Calavera (as
duas bandas são de São Paulo e produzem alta Cumbia como uma autêntica Orquesta
latina); Vinaa (Maranhão. Álbum Elementos e Hortelã na terra dos Eucaliptos); Figueroas
(Alagoas. Álbum Lambada Quente); Macumbia (Paraíba. Álbuns Carne Latina e Chuta
que é Macúmbia); Noites do Norte (Rio de Janeiro. Música Cúmbia do Rei Arthur,
do álbum Baile das Formigas); Banda Lombreta (Bahia); Sonora Amaralina (Bahia).
Guitarrada das Manas (Álbum: Guamaense. Músicas: Bolero da Vitória e Dark
Cúmbia).
E
o Sul não Cumbia?
A banda gaúcha Farabute fez uma viagem
de kombe pela América-Latina em 2015 e voltaram todos influenciados, com
repertório novo focado nos ritmos tropicais latino-caribenhos (Álbum Movida
Tropical); Banda Bombo Larai ( Rio Grande do Sul. Álbum Lokura Plena) CCOMA (Rio Grande do Sul. Produz Cúmbia eletrônica.
Álbum Subtropical Temperado); Farofa Tropikal (Paraná. EP Caseiro).
E
o Dj não Cumbia?
O pernambucano Dj Dolores já é conhecido
pelas suas misturas de musica nordestina com música latino-caribenha. O Dj que
foi participante do Movimento Mangue Beat tem vários álbuns gravados de 1.999
pra cá. O paulista Dj Tahira, do
clássico Remix de Menina Bahiana, há tempo vem mesclando a música brasileira
com ritmos latinos e africanos. Ele fez um remix Forró/Cumbia com a música ‘Pátio
do Forró’, da lendária Banda de Pífanos de Caruaru.
Outro paulista que vem produzindo Cumbia
é o Dj Nirso (CUMBIMBATHON). Ele se juntou aos equatorianos do Ataw Allpa e vêm
produzindo em conjunto uma série de Cumbias eletônicas que reuniram no álbum
Sonora Post Digital.
Dj Xique-Xique (Álbum: Xaxoeira - 2016)
Festas
que vem ajudando a espalhar a música latino-caribenha pelo Brasil:
Batucaria Camaleônica, Estúdio Bixiga –
Festa dos Muertos, Guaracha Club, Macumbia, Charanga do França, El Delírio, La
Tabaquera, Altos Cocos Discotheque, Festival MUCHO! (São Paulo). La Cumbia, La
Sabrosa, Festa Latina de Paraty, Festival Ultrasonidos (Rio de Janeiro). Cumbia
na Rua - Bailando sin Fronteras, Cumbia Libre, Fiesta Latina, Fiesta Opinión
Latina (Rio Grande do Sul) Baile Tropical, Cafuné (Fortaleza). Summertime (João
Pessoa). Global Beats, La Ultima Cumbia Del Año, Proclamasamba Da Republicumbia
(Aracaju). Festa Tropical, Noite cubana do Clube Bela Vista (Pernambuco). Soy
Latino Bar, Festa Caliente Paradis Club, Festa dos Mortos da Casanóz (Paraná). Baile
Tropical (Maranhão). Lambateria, (Pará) La Cúmbia (Rio Grande do Norte).
Em
Foz do Iguaçu, onde o Brasil faz
fronteira com Paraguai e Argentina, é terreno fértil para que a Cumbia e os
demais ritmos latino-caribenhos se expanda. As festas latinas que rolam por
aqui são: Fiesta de los Muertos do Soy Loco por Ti; Festas Afrolatinas e
Caribenhas e Baile Caribe, do Coletivo No Hay Frontera; Festas da Bandeira
Haitiana, organizada por um grupo de haitianos que vivem na cidade; Fiesta
Mexicana – organizada por estudantes; Festa Africana e das Diásporas, organizada
por africanos que vivem em Foz.
Outro ponto de encontro é o Sudacas (bar
latinoamericano cujos proprietários são uma paraguaia e um chileno). Destaco
nesse bar dois eventos específicos: Afrosom com Dj Mano Zeu e Gui Jay, focado
em música da diáspora africana da América e Caribe; E a clássica Sexta
Tropical, com suas aulas de Salsa comandada pelo cubano Pablo Mestre e a pista
de dança comandada pelo colombiano Camilo Ortiz, a cubana Mariana Alom e o equatoriano Álvaro Glg.
Al Fim... Preparei uma playlist toda especial com
Cumbia Brasileira:
Dale Play no link:
Referências:
- Documentário: AFROSOUND Cuando el Chucu Chucu se vistió de Frac (2013
- Direção: Juan Esteban Beltrán e Henry L Barrera)
- Série Pasos de Cúmbia (2015 - 11 capítulos - Direção: Cuti Aste)
- Documentário Fuentes de Cumbia (2015 - Direção: Ebiru Ojaba)
- Documentário: Xangai em Cantigueiros (2017 – Direção: Xangai)
- Documentário Yo Soy La Cúmbia I (2017 - Direção: Ebiru Ojaba)
- Documentário Yo Soy La Cúmbia II (2018 - Direção: Mauricio Martínez
García)
- Documentário Ritmos Bastardos (2019 - Direção: Pablo Mensi)
- Bailes da “Saudade” e do “Passado”: atualidades do circuito bregueiro
de Belém do Pará (2008 Antonio Maurício Dias da Costa)
- Tese Veredas Sonoras da Cúmbia Panamenha: Estilos e Mudança de
Paradigma (2008 EDWIN RICARDO PITRE VÁSQUEZ)
- O Merengue na formação da música popular urbana de Belém do Pará:
Reflexão sobre as conexões Amazônia-Caribe (2010 Bernardo Farias)
- A Cúmbia dos Ancestrais: Música ritual e mass-media na Huasteca (2014
Gonzalo Camacho Díaz)
- O Norte da Canção: Música engajada em Bélem nos anos 1960 e 1970.
(Cledir Moraes 2014)
- Com pouca divulgação no Brasil, música latina resiste aos clichês
(2014 Diário de Pernambuco)
- Canção popular e política em Belém: sonoridades “caboclas” e ações
nacionais desenvolvimentistas na MPB (Cleodir Moraes 2016)
- Por que São Luís, no Maranhão, é a ‘Jamaica brasileira’ (2016
https://www.nexojornal.com.br/)
- Projeto registra a história das primeiras aparelhagens do Pará (2014 https://oglobo.globo.com/)
- El Poder Verde de la Cumbia: a Amazônia em discos - (2017 Bibiana
Soyaux de Almeida Rosa)
- Tese: OUTROS TERRITÓRIOS DA CUMBIA: CONSOLIDAÇÃO DA CUMBIA PERUANA
COMO GÊNERO DE MÚSICA POPULAR (2018 - Bibiana Soyaux de Almeida Rosa)
- A Fronteira Caribenha: Música, Identidade e Transnacionalismo na
porção norte
do Brasil (Andrey Faro de Lima).
- Rua dos Pretos: o Maranhão dentro de Belém (2013 -
https://www.cartamaior.com.br/)
- BAMBAÊ, CARIMBÓ de CAIXEIRAS e CACURIÁ do MARANHÃO (2015 - https://blogmanamani.wordpress.com/)
- Cumbia em três tempos (2015 - www.noize.com.br)
- A América Latina cozinha o som do futuro (2016 -
https://brasil.elpais.com/)
- Você conhece a Cumbia Amazônica? 2017 - http://portalamazonia.com/)
- Nova cena musical de Porto Alegre incorpora ritmos latinos (2017 -
https://gauchazh.clicrbs.com.br)
- COM QUANTOS ELEMENTOS SE FAZ A CUMBIA COLOMBIANA? (2018 -
https://reverb.com.br/)
- NOVA MÚSICA COLOMBIANA JUNTA ANCESTRALIDADE E MODERNIDADE (2018 -
https://reverb.com.br/)
- Há alguns anos, não sabíamos nada do Brasil’, diz Cumbia All Stars
(2018 - http://www.virgula.com.br/)
- CUMBIA GANHA CARA NOVA NO CHILE COM PITADAS ELETRÔNICAS, DE HIP-HOP E
ROCK (2019 - )
- Festas de santo, a matemática e a discriminação (2019 Henrique Maluf
- https://www.rdnews.com.br/)